News Release

Estado de confusão mental da UTI pode diminuir a vida dos pacientes, aumentar o tempo de internação e levar a comprometimento cognitivo

A major systematic review of published studies indicates a robust association between brain dysfunction in intensive care units and adverse health outcomes

Peer-Reviewed Publication

D'Or Institute for Research and Education

Esta comunicado está disponível em inglês.

Um grande estudo de revisão sistemática indica que existe uma forte associação entre o desenvolvimento de delirium nas unidades de tratamento intensivo e resultados de saúde adversos.

Pacientes de UTI frequentemente sofrem de delirium, uma síndrome clínica caracterizada por confusão mental, falta de atenção, alucinações e, às vezes, agitação. Essa condição tem sido associada a um mal prognóstico, mas a real magnitude do delirium não era conhecida. Pesquisadores do Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino (IDOR) e da Universidade John Hopkins apresenta agora a maior revisão de literatura já feita sobre o tema e concluem que o delirium está fortemente associado com altas taxas de mortalidade, maiores períodos de internação e comprometimento cerebral após a alta.

O grupo de pesquisadores, do Brasil e EUA, se debruçou sobre 42 estudos previamente publicados sobre o assunto, totalizando 16.559 pacientes. O delirium foi identificado em 5280 (32%) dos pacientes graves analisados nesses trabalhos. Em comparação com pacientes graves que não desenvolveram delirium, os pacientes com delirium mostraram duas vezes mais chance de morrer durante a hospitalização.

Os pesquisadores também observaram que os pacientes que sofreram desta condição ficaram em média 1,38 dias a mais na UIT que os demais doentes e precisaram receber ajuda de aparelhos para respirar (ventilação mecânica) por 1,79 dias a mais que os pacientes que não apresentaram delirium.

O delirium tem sido descrito como um dos tipos mais comuns de falência nas UTIS. Ele é uma forma de comprometimento cerebral que pode ocorrer em resposta a variados fatores, como em decorrência de uma inflamação causada pela doença que levou à internação ou pelo uso de certos medicamentos.

"A preocupação com delirium é relativamente recente. Os primeiros estudos sobre o assunto forma publicados em 2011 e desde então o delirium tem mostrado ser um importante e grande desafio da medicina", diz o Dr. Jorge Salluh, pesquisador do IDOR e um dos autores do estudo, publicado esta semana no British Medical Journal (BMJ). "O delirium pode ocorrer por múltiplas causas, mesmo que a doença que levou o paciente ao hospital não seja neurológica. Se você tem pneumonia, por exemplo, e é internado na UTI, pode vir a desenvolver delirium."

O delirium é mais comum entre idosos, pessoas com alterações cognitivas e pacientes com doenças terminais. Embora seja uma condição comum, tem sido subestimado subdiagnosticado e pelos profissionais da UTI. "Uma das razões para isso é que muitos pacientes ficam sedados durante longos períodos da internação, de modo que os sinais do delirium não são percebidos", explica Salluh. Além disso, há casos em que o delirium é "hipoativo" e o paciente só mostra indicações muito sutis de confusão mental.

Os resultados do estudo lançam luz sobre a real magnitude e impacto do delirium e os autores esperam que chame atenção de médicos, pesquisadores e gestores de saúde para a importância de reduzir a morbidade e a mortalidade do delirium. "Nosso estudo é um forte sinal de que pacientes críticos devem ser monitorados e acompanhados para verificar a aparição do delirium", ressalta um dos autores, o médico Robert D. Stevens, da Universidade John Hopkins. "Agora esperamos ver esforços para reduzir a incidência de delirium por meio de prevenção de intervenções terapêuticas."

O delirium pode ser prevenidos através de medidas como o uso racional de sedativos e anestesia, a redução do uso de medicamentos benzodiazepínicos, a promoção adequada do sono e a movimentação nas terapias ocupacionais. "O delirium é um fator de risco modificável, só precisamos dar a ele a atenção que ele merece", conclui Salluh.

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Delirium can be preventable by a range of interventions such as rational use of sedation and anesthesia, reduced exposure to benzodiazepines, promotion of sleep and early implementation of mobility and occupational therapy in the ICU. "Delirium is a potentially modifiable risk factor for adverse outcomes in hospitalized critically ill patients, we just have to give it the attention that it deserves", concludes Salluh.

About the IDOR

The D'Or institute of Research is a nonprofit organization which aims to promote scientific and technological progress in healthcare through research and education. IDOR was established in 2010 in Botafogo, Rio de Janeiro, Brazil. Since then, the institute is responsible for designing, planning and overseeing most of the educational and research activities conducted by its sponsor, one of the most important hospital groups in Brazil, the Rede D'Or São Luiz. Our main areas of research are neurosciences, oncology, intern medicine, intensive medicine and pediatrics.


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