Feature Story | 11-Dec-2025

Saiba mais sobre o seu microbioma: ele pode fortalecer a saúde do intestino e trazer outros benefícios, explica especialista da Mayo Clinic

Mayo Clinic

ROCHESTER, Minnesota — Planos para melhorar a saúde normalmente incluem medidas como aumentar a prática de exercícios, adotar uma alimentação mais saudável e parar de fumar. Mas e quanto ao seu microbioma do intestino? Cuidar dele e encontrar formas de protegê-lo e fortalecê-lo pode trazer benefícios para a saúde digestiva e muito mais, afirma Purna Kashyap, M. B. B. S., gastroenterologista da Mayo Clinic especializado em microbioma intestinal e distúrbios gastrointestinais.

 

"O microbioma nada mais é do que uma comunidade composta por bactérias, fungos, vírus e por todos os genes deles," explica o Dr. Kashyap. "A pele, os pulmões e o sistema reprodutivo têm seus próprios microbiomas. O microbioma intestinal é, provavelmente, o mais diversificado do nosso corpo. Os microrganismos que formam parte dele desempenham diversas funções. Já os outros microbiomas do corpo tendem a ser mais especializados."

 

Seu microbioma intestinal é tão único quanto sua impressão digital. As bactérias que vivem ali realizam trabalhos importantes: digerem fibras e amidos; sintetizam vitaminas e aminoácidos, incluindo vitaminas B e K; além de produzir ácidos graxos de cadeia curta (AGCC), que têm efeito protetor contra doenças. Elas também preservam a barreira intestinal, que é o revestimento protetor do intestino.

 

"Quando você come uma maçã, por exemplo, o estômago e o intestino delgado digerem uma parte dela. O que sobra da maçã segue para o seu cólon, e ali as bactérias fazem o resto do trabalho para você," explica o Dr. Kashyap. "À medida que as bactérias quebram a fibra da maçã, elas produzem compostos que fazem bem às células do cólon e ao organismo."

 

Se você perder essas bactérias benéficas, surge uma oportunidade para que algumas das bactérias causadoras de doenças se desenvolvam. Um exemplo é a Clostridioides difficile ou C. diff, uma bactéria que pode infectar o cólon, a parte mais extensa do intestino grosso. Os sintomas podem variar de diarreia a danos graves ao cólon, potencialmente fatais. Os fatores de risco para a infecção por C. diff incluem o uso de antibióticos, internação hospitalar e determinados medicamentos que afetam o sistema imunológico.

 

"Quando você toma antibiótico, o microbioma pode sofrer alterações temporárias, mas geralmente retorna ao padrão habitual," afirma o Dr. Kashyap. "O mesmo pode acontecer diante de outras mudanças ou comportamentos, como viajar ou comer muito fast food. Imagine que o seu microbioma funciona como um elástico. Você pode esticá-lo um pouco, e, depois, ele volta ao normal. Mas, se for esticado demais, pode se romper."

 

Além de infecções intestinais como C. diff, acredita-se que os desequilíbrios microbianos tenham um papel em outras doenças e sintomas, como câncer de cólon, diabetes, depressão e outros transtornos de humor, além de Alzheimer, Parkinson, e doenças cardiovasculares. Ainda são necessárias mais pesquisas para esclarecer a relação entre o microbioma do intestino e essas doenças, afirma o Dr. Kashyap.

 

O quanto seu microbioma consegue "esticar", depende de vários fatores. Entre eles, por quanto tempo dura o desequilíbrio. Isso reforça a importância de evitar o uso desnecessário de antibióticos, explica o Dr. Kashyap.


Algumas doenças subjacentes, como doenças inflamatórias intestinais, podem afetar quais comunidades de bactérias podem prosperar em seu intestino e quais não podem. Estas incluem doenças inflamatórias intestinais tais como doença de Crohn e retocolite ulcerativa.

 

O Dr. Kashyap está estudando como as bactérias do intestino interagem com os carboidratos que ingerimos e de que maneira isso afeta o sistema gastrointestinal. Seu objetivo a longo prazo é desenvolver novos biomarcadores e terapias direcionadas ao microbioma para tratar transtornos gastrointestinais funcionais, incluindo a síndrome do intestino irritável e o inchaço crônico, também chamado de distensão funcional.

 

O estilo de vida também pode desempenhar um papel importante na saúde do seu microbioma intestinal, acrescenta o Dr. Kashyap: "As bactérias intestinais comem o que você come. Se você consome muitos alimentos açucarados, muito salgados ou gordurosos, como salgadinhos, doces e ultraprocessados, ou bebe álcool em excesso, você priva as bactérias de nutrientes. Elas, então, passam a buscar nutrientes no revestimento do intestino e acabam danificando essa barreira."

 

Por outro lado, se sua alimentação inclui muitos tipos de frutas, vegetais e fibras, você favorece uma comunidade intestinal mais diversa e saudável.

 

"Quanto maior a diversidade microbiana do intestino, maior a capacidade de lidar com alterações sem sofrer desequilíbrio," diz o Dr. Kashyap. "Bactérias felizes geram uma vida mais feliz."

 

Outros comportamentos que favorecem a saúde do intestino:

  • Beba bastante líquidos saudáveis, como água, e limite ou evite o consumo de álcool.
  • Pratique atividade física por pelo menos 30 minutos na maioria dos dias.
  • Não fume.
  • Busque estratégias para lidar com o estresse.

 

Para saber mais sobre microbioma e as pesquisas da Mayo Clinic nessa área, visite a Mayo Clinic Press e o Centro de Medicina Personalizada da Mayo Clinic.

 

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