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A prevenção de mortes cardiovasculares requer ação urgente em crianças

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European Society of Cardiology

21 de setembro de 2019 - Porto Alegre, Brasil: Incentivar a prática de atividades físicas e melhorar a dieta de crianças é crucial para a redução de mortes por doenças cardiovasculares – e este é o foco de um projeto inovador de uma escola de São Paulo, Brasil. Os primeiros resultados são apresentados hoje no Congresso Brasileiro de Cardiologia (SBC 2019).

O congresso anual da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) é realizado de 20 a 22 de setembro em Porto Alegre. A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) está realizando sessões de caráter científico, em colaboração com a SBC, como parte do programa de Atividades Globais da ESC.1

“A aterosclerose – entupimento das artérias – começa na infância e tem maior probabilidade de se desenvolver em pessoas com estilo de vida sedentário e maus hábitos alimentares", disse a autora do estudo, Dra. Karine Turke, da Faculdade de Medicina do ABC, São Paulo. “A exposição a esses comportamentos ao longo da vida aumenta o risco de ataques cardíacos e derrames, e por isso a prevenção deve começar na infância. No entanto, as crianças estão passando mais tempo sentadas e consumindo alimentos processados, tornando a obesidade algo comum."

As doenças cardiovasculares lideram o ranking de mortalidade mundial, respondendo por 17,9 milhões de mortes por ano. Só no Brasil, cerca de 370.000 vidas são perdidas anualmente em razão de doenças cardiovasculares. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que o número de crianças e bebês com sobrepeso ou obesidade aumentou globalmente de 32 milhões em 1990 para 41 milhões em 2016.2 Cerca de 3,2 milhões de mortes por ano são devidas ao sedentarismo.3

O projeto SBC Vai à Escola4 pretende recrutar 3.000 monitores (entre professores e alunos) para receber educação cardiovascular. Os monitores ensinarão a 63 mil alunos, de 6 a 18 anos de idade, de 210 escolas públicas do estado de São Paulo. A primeira ação pedagógica ocorre no Dia do Coração na Escola, realizado em 25 de setembro de 2019, quando os alunos também terão as avaliações de referência de dieta e atividade física. Esse será apenas o início de uma série de práticas pedagógicas e monitoramentos dos níveis de dieta e atividade física.

A educação cardiovascular abordará sete fatores de risco (inatividade física, obesidade, tabagismo/outras drogas, dislipidemia, pressão alta, diabetes e estresse) e dois fatores de prevenção: alimentação saudável e atividade física regular. Espera-se que as escolas promovam exercícios e bons hábitos alimentares. As informações serão transmitidas por meio de várias disciplinas, contando com a presença de cardiologistas, enfermeiros, professores e psicólogos.

O projeto-piloto apresentado hoje mostra os resultados de referência referentes aos primeiros 433 alunos. A idade média foi de 13 anos e 51% eram do sexo masculino. O tempo médio dedicado a atividades físicas leves, moderadas e intensas ao longo de uma semana foi de 40, 60 e 60 minutos, respectivamente. O tempo médio sentado foi de 360 minutos por semana.

"A atividade física está bem abaixo do nível recomendado pela OMS, que é de 300 minutos por semana para crianças e adolescentes", declarou o Dra. Turke. "Estilos de vida modernos promovem a interação por telefone celular e videogames. Há menos segurança nas ruas, então as crianças não podem brincar fora de casa. O programa incentiva menos tempo sedentário e encontrar maneiras de se movimentar mais."

Em relação aos alimentos, 53% consumiram vegetais folhosos no dia anterior, 69% frutas, 91% carboidratos como arroz ou macarrão, 70% leguminosas, 79% carne/frango, 42% refrigerantes, 39% chocolates, 39% misturas de bebidas em pó, 42% salsichas e 49% doces, incluindo chocolates e balas.

"Muitos haviam comido alimentos processados, que são de preparo mais fácil do que cozinhar a partir de ingredientes frescos", disse o Dra. Turke. "Os alunos aprenderão a classificar alimentos como frescos, minimamente processados, processados e ultraprocessados, bem como priorizar itens frescos e minimamente processados."

Conclusão: "Defender a escolha de alimentos saudáveis e maior atividade física é essencial para frear a crise de obesidade no Brasil e no mundo e diminuir o número de mortes causadas por ataque cardíaco e derrame."

O professor Dalton Précoma, chefe da divisão de pesquisa da SBC 2019, disse: "A queda da mortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil se estagnou, sugerindo a necessidade de novas estratégias para combater essas condições. Mais da metade da população está acima do peso. Para prevenir doenças cardiovasculares, crianças e adolescentes são aconselhados a praticar atividade física moderada a intensa todos os dias e limitar o tempo sedentário.5 Os pais devem criar um ambiente que promova esses comportamentos e ser modelos a seguir. Devem ser incentivados hábitos alimentares saudáveis ao longo da vida, como refeições em família, tomar café da manhã e limitar o consumo de fast-foods."

O professor Carlos Aguiar, diretor do programa da ESC na SBC 2019, disse: “Melhorar os estilos de vida das crianças é uma responsabilidade coletiva. Os legisladores devem restringir a comercialização de junk foods e bebidas açucaradas para crianças..6 As escolas podem fornecer água potável fresca e alimentos saudáveis em lanchonetes e máquinas de venda automática, além de promover intervalos de atividade física regulares. As comunidades precisam de parques e pátios. Esses e outros esforços devem percorrer um longo caminho para reduzir os eventos cardiovasculares em longo prazo."

O projeto está sendo executado pelo Conselho de Crianças e Adolescentes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, com o apoio da Sociedade Paulista de Cardiologia, do Departamento de Educação do Estado de São Paulo e do departamento de cardiologia da Faculdade de Medicina do ABC. O programa é conduzido pela Dra. Carla Lantieri, primeira autora do resumo atual e cardiologista da Faculdade de Medicina do ABC.

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Observações ao editor

Referências e observações

1 Sessões com os docentes da ESC serão realizadas em 21 de setembro.

2 https://www.who.int/end-childhood-obesity/facts/en/

3 https://www.who.int/dietphysicalactivity/factsheet_inactivity/en/

4 http://cientifico.cardiol.br/sbcvaiaescola/default.asp

5 Simão AF, Précoma DB, Pinheiro de Andrade J, et al. I Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia - Resumo Executivo. Arq. Bras. Cardiol. 2014;102:420–431. doi: 10.5935/abc.20140067.

6 Piepoli MF, Hoes AW, Agewall S, et al. 2016 European Guidelines on cardiovascular disease prevention in clinical practice. Eur Heart J. 2016;37:2315–2381. doi:10.1093/eurheartj/ehw106.

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