News Release

Hora de reescrever os livros de dinossauros? Por enquanto não!

Um consórcio internacional de paleontólogos pede cautela com a recente proposta de reorganizar radicalmente a árvore evolutiva dos dinossauros

Peer-Reviewed Publication

University of Sao Paulo Scientific Outreach Unit

Untangling the Dinosaur Family Tree

image: These are the three possible trees of dinosaurs. view more 

Credit: Image © Max Langer

Uma das primeiras coisas que qualquer pessoa interessada em Paleontologia aprende é que os dinossauros se dividem em dois grupos, os Ornithischia (incluindo o Stegosaurus, o Triceratops, o Iguanodon e seus parentes) e os Saurischia (incluindo os terópodos predadores, como o Tyrannosaurus e o Velociraptor, e os sauropodomorfos pescoçudos, como o Apatosaurus e o Diplodocus).

Pois bem, Baron et al. propuseram um arranjo bem diferente, com os Ornithischia e os Theropoda juntos em um grupo chamado Ornithoscelida e os Sauropodomorpha em uma linhagem separada. Tal proposta parecia bem embasada, uma vez que os autores identificaram quase vinte características compartilhadas unicamente pelos ornitísquios e terópodos, indicando que eles eram proximamente relacionados.

Entretento, um grupo internacional de especialista na origem e irradiação dos dinossauros, liderado por Max Cardoso Langer, da USP de Ribeirão Preto, incluindo paleontólogos da Alemanha, Argentina, Espanha e Reino Unido, revisaram os dados que davam suporte à hipótese de Baron et al. O resultado, publicado na edição dessa semana da revista Nature, indica que ainda é cedo para reescrever os livros sobre dinossauros.

Nessa reavaliação, o grupo encontrou um conjunto maior de evidencias favorecendo o modelo tradicional de classificação dos dinossauros, mas também notou que o modelo proposto por Baron et al. não é muito menos provável.

Max Langer comenta: "Foi um trabalho hercúleo de nosso consórcio; conferindo em primeira mão esqueletos de dinossauros de todos os continentes para nos assegurar que seus caracteres foram corretamente avaliados. Inicialmente, o grupo pensava em apenas levantar algumas dúvidas quanto à proposta de Ornithoscelida, mas descobrimos que a questão deve ser completamente reavaliada".

"Baron et al. sugeriram, com base em seus novos dados, que os dinossauros teriam se originado no hemisfério norte, mas com base na evidência disponível, nossa reanálise confirma a ideia tradicional que os dinossauros surgiram na porção sul do supercontinente Pangéa, possivelmente onde hoje é a América do Sul" complementa Langer.

O professor Mike Benton, da University of Bristol e membro da equipe de paleontólogos, comenta: "Em ciência, se você quer desafiar a visão consensual sobre um tema, você tem que ter evidências muito fortes. No caso da nova proposta, ela não é mais bem suportada que outros arranjos possíveis na base na árvore evolutiva dos dinossauros. Baron et all podem até estar corretos, mas nossa sugestão é que sigamos usando a divisão tradicional de Dinosauria em Saurischia e Ornithischia até que evidências mais convincente estejam disponíveis".

Como sempre na ciência, novas e mais detalhadas investigações são a chave para responder essas e outras questões. E como sempre na Paleontologia, novos fósseis podem ser de grade ajuda nesse processo.

###

O artigo

'Untangling the dinosaur family tree' by Max C. Langer, Martin D. Ezcurra, Oliver W. M. Rauhut, Michael J. Benton, Fabien Knoll, Blair W. McPhee, Fernando E. Novas, Diego Pol, Stephen L. Brusatte in Nature


Disclaimer: AAAS and EurekAlert! are not responsible for the accuracy of news releases posted to EurekAlert! by contributing institutions or for the use of any information through the EurekAlert system.