News Release

No Coração da Amazônia, Espécies de Aves estão Desaparecendo sem Deixar Rastros

Peer-Reviewed Publication

Louisiana State University

Hidden Losses Deep in the Amazon Rainforest

image: New research shows animal patterns are changing in the absence of landscape change, which signals a sobering warning that simply preserving forests will not maintain rainforest biodiversity. view more 

Credit: Vitek Jirinec, LSU

Poucos lugares no mundo tem uma natureza tão diversa e são tão protegidos da influência humana, como a maior floresta tropical do mundo, a Amazônia. Cientistas da Universidade Estadual da Louisiana (LSU) tem feito pesquisas na floresta Amazônica há décadas, mas nos últimos anos, eles começaram a notar um fato curioso... Alguns animais, especificamente pássaros que vivem próximo ao solo da floresta, estão se tornando cada vez mais raros...

“Achamos que o que está ocorrendo é uma erosão da biodiversidade, uma perda de riqueza de espécies em um lugar onde nós esperaríamos que a biodiversidade pudesse ser mantida...” diz Philip Stouffer, professor do departamento de Recursos Naturais Renováveis da LSU, e o principal autor de um novo estudo publicado hoje na prestigiosa revista Ecology Letters.

Stouffer começou suas pesquisas de campo na Amazônia quando era pesquisador de pós-doutorado na famosa instituição Smithsonian, em 1991. Ao longo de 25 anos, com apoio da National Science Foundation, principal órgão de fomento a pesquisa dos Estados Unidos, ele levou a diante um longo monitoramento de aves no Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, ao norte de Manaus. Foi ao longo deste monitoramento, por volta de 2008, que ele e seus alunos notaram que estava cada vez mais difícil encontrar algumas espécies de aves que eram abundantes quando o projeto começou.

Stouffer e seus alunos criaram então um plano de pesquisa para coletar dados atualizados que seriam diretamente comparáveis com dados levantados no começo dos anos 1980s. Os estudantes de doutorado da LSU, Vitek Jirinec e Cameron Rutt colaboraram com Stouffer para sintetizar os resultados. Stouffer e seus alunos também foram auxiliados pelo especialista em modelos computacionais, Stephen Midway, professor do departamento de Oceanografia e Ciências de Sistemas Costeiros da LSU. O time de cientistas analisou um vasto banco de dados, coletados ao longo de 35 anos em 55 localidades diferentes, para testar se suas observações seriam suportadas pelos dados de campo.

“Temos em mãos uma base de dados muito robusta de uma grande variedade de lugares, construída ao longo de muitos anos. O resultado não é apenas um chute, é um padrão real, e parece estar ligado a eventos causados pelas mudanças climáticas globais, que estão afetando até mesmo este lugar praticamente intocado,” disse Midway.

Essa tendência de queda no número de aves sinaliza uma mudança nas condições normais da floresta que poderia ter passado despercebida.

“Nossa nostalgia estava correta – certas aves são muito menos abundantes hoje do que elas costumavam ser” diz Stouffer. “O fato de que os padrões de ocorrência de animais estão mudando na ausência de mudanças na paisagem é um sinal de alerta de que apenas preservar florestas não será o suficiente para manter a biodiversidade das florestas tropicais”.

Ganhadores e Perdedores

Em geral, as aves que mais declinaram em números estão associadas de certa forma ao solo da floresta, onde buscam artrópodes, principalmente insetos. Entretanto, há algumas diferenças que fazem algumas espécies serem vencedoras ou perdedoras na luta pela vida na floresta.

Por exemplo, Myrmornis torquata, o pinto-do-mato-carijó, é uma das espécies cuja abundância declinou desde os anos 1980s. Essa ave é especialista em buscar alimento sob folhas secas, na serapilheira da floresta. Também em declínio está o uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus arada), uma ave raramente avistada, mas que possui um dos cantos mais icônicos da floresta Amazônica.

Por outro lado, o papa-formiga-de-topete (Pithys albifrons) não está em declínio, e pode até ser considerado comum nas áreas em que o estudo foi feito. Sua estratégia de forrageio, ou alimentação, pode ser a chave para sua resiliência. O papa-formiga-de-topete segue formigas de correição, ou seja, exércitos de formiga que se deslocam pelo solo da floresta predando tudo o que encontram pela frente. O papa-formiga-de-topete se aproveita do comportamento das formigas, capturando os insetos que tentam fugir das vorazes predadoras. Com este comportamento, o papa-formiga-de-topete não fica preso a um território fixo, como a maioria das aves da floresta. Os seguidores de formiga se deslocam mais, e comem tudo o que as formigas podem “oferecê-los.”

Os cientistas também descobriram que as aves frugívoras, ou seja, aquelas que comem frutos, estão se tornando mais abundantes. Este resultado pode sugerir que aves onívoras, com uma dieta mais variada, podem ser mais flexíveis, e assim conseguem ajustar seus hábitos conforme as mudanças ambientais. No entanto, mais pesquisas são necessárias para entender como essas perdas invisíveis e mudanças estruturais estão afetando a Amazônia e outras partes do planeta.

“A ideia de que as coisas estão mudando até mesmo nas partes mais intocadas de nosso planeta sem que nós as percebamos, nos mostra que precisamos estar ainda mais atentos a estas transformações,” completa Stouffer.

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