News Release

R-Nuucell, empresa que estuda potencial medicamento para cancro da mama, recebe financiamento europeu

Grant and Award Announcement

Faculty of Sciences of the University of Lisbon

Fundadoras da R-nuucell.

image: Maria Helena Garcia e Andreia Valente, investigadoras do Centro de Química Estrutural em Ciências ULisboa (CQE@Ciências), e fundadoras da R-nuucell. view more 

Credit: Ânia Finuras - Direção de Comunicação e Imagem de Ciências ULisboa.

A R-nuucell foi uma das 50 empresas distinguidas pelo programa piloto Women_TechEU, uma iniciativa inédita da União Europeia. O financiamento obtido vai permitir dar continuidade ao projeto CanceRusolution, através do qual esta spin-off tem vindo a estudar um medicamento para tratar o cancro da mama triplo negativo – o tipo de cancro com pior prognóstico entre os cancros da mama metastático, por ainda não ter sido encontrado nenhum tratamento eficaz e específico. Nestes casos, as doentes são tratadas com medicamentos usados para combater outros cancros, com resultados precários.

“O cancro da mama é a segunda causa de morte das mulheres a nível mundial e em 2020, entre os 2,3 milhões de novos casos diagnosticados, cerca de metade são metastáticos. Os resultados preliminares que obtivemos através deste projeto demonstram o potencial anti-metastático deste medicamento, que estamos a desenvolver precisamente para o cancro da mama triplo negativo e que poderá ser utilizado para outros cancros da mama também metastáticos”, refere Maria Helena Garcia, investigadora do Centro de Química Estrutural em Ciências ULisboa (CQE@Ciências), e sócia fundadora da Rnuucell a par de Andreia Valente, também investigadora do CQE@Ciências.

Os cancros metastáticos são aqueles que têm facilidade em desprender células cancerígenas que, transportadas pelo sangue, se alojam nos vários órgãos viscerais, ossos e cérebro, começando a crescer como metástases. O alvo deste novo medicamento é o esqueleto das células – isto é, o cito-esqueleto. Graças a este financiamento, nesta primavera o projeto entra numa nova fase, dando início à realização de estudos in vivo (animais).

“Estes financiamentos dão confiança aos investidores que percebem que se está a desenvolver um medicamento com reconhecimento internacional e representam um ‘balão de oxigénio’”, diz Maria Helena Garcia, acrescentando que “se neste momento tivéssemos mais dois ou três milhões de euros conseguíamos concluir a fase dos cinco ou seis estudos in vivo que têm que ser feitos num ano. O problema é o dinheiro. A vacina da COVID-19 desenvolveu-se rapidamente porque houve injeção de dinheiro”.

A spin-off R-nuucell foi constituída em fevereiro de 2021, em plena pandemia de COVID-19, estando sediada no Tec Labs – Centro de Inovação da Faculdade. O reconhecimento nacional e internacional do trabalho que têm vindo a desenvolver dá alento a Andreia Valente. “Nós acreditamos mesmo no nosso produto, mas é bom saber que outros também acreditam no seu potencial e que nos dão estes incentivos financeiros para conseguirmos avançar nesta ‘estrada tortuosa’ que é o desenvolvimento de novos fármacos”, comenta Andreia Valente, reconhecendo que apesar de o cam inho ser muito longo, está a ser bem-sucedido. “Conseguimos adquirir muito conhecimento para o nosso grupo e para a comunidade, em termos científicos, mas também, por exemplo, noutras áreas, nomeadamente, como abordar investidores. Temos agora uma visão diferente e que nos vai ajudar a alavancar outros projetos com bastante interesse”, declara Andreia Valente.

Nesta primeira edição do Women TechEU foram submetidas 391 candidaturas de 37 estados-membros e de países associados ao programa Horizonte. Segundo a Comissão Europeia (CE), o primeiro grupo de 50 empresas lideradas por mulheres de 15 países diferentes vai receber, além dos subsídios no valor de €75.000 cada, atribuídos no âmbito do programa de trabalho Ecossistemas Europeus de Inovação do Horizonte Europa, vai também receber apoio na forma de mentoria e acompanhamento, enquadrados pelo Programa de Liderança Feminina do Conselho Europeu de Inovação (CEI).

As 50 empresas distinguidas desenvolveram inovações de ponta e disruptivas em vários setores, que vão do diagnóstico precoce e do tratamento do cancro à redução do impacto negativo das emissões de metano. Trabalham em prol da realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), combatendo as alterações climáticas, reduzindo os desperdícios alimentares, alargando o acesso à educação e promovendo a capacitação das mulheres. Da lista faz parte outra empresa portuguesa: a Metatissue – Biosolutions, que desenvolveu um precursor derivado de plasma rico em plaquetas bioativo, que pode ser curado por exposição à luz para formar materiais macios com propriedades mecânicas ajustáveis.

A próxima edição do Women_TechEU conta com um orçamento de 10 milhões de euros, o que deverá permitir o financiamento para cerca de 130 empresas. A chamada para apresentação de propostas deverá ser lançada este ano.


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